Você se tornou só uma lembrança doída



Acabei de ver a foto nova que você postou no facebook, confesso que doeu um pouco ver o seu sorriso tão livre do meu, mas pela primeira vez em muito tempo não foi nada além de um incomodo desagradável dentro do meu coração, uma alfinetada chata na cabeça trazendo a nossa história de volta. Preciso te contar que fazia certo tempo que eu não visitava o seu perfil, nenhuma stalkeadinha sequer, a correria da semana com o estágio e a faculdade e todos os outros compromissos que aparecem sem pedir licença começaram a me deixar sem tempo pra vagar pelas suas redes sociais e me perder na saudade das nossas brincadeiras. Depois eu voltei a sair aos fins de semana com os meus amigos, nada demais, uma festa aqui, outra ali, um novo casinho, uma nova paixão, um jantar, um cinema, alguém diferente pra trocar mensagens e ficar conversando de madrugada. Essas coisas foram ocupando cada instante livre que eu podia pensar em você, mas não pensava, é aquilo né moreno: uma hora a vida precisa seguir em frente.

Admito, orgulhosa de mim mesma e feliz com a minha vitória, que não sabia dessa sua última viagem pro Nordeste,foi boa? Pelas suas postagens parece que sim, você ainda lembra quando a gente combinava de conhecer aquelas praias lindas juntos? Espero, de coração, que cê tenha curtido por nós dois. Também não soube que você finalmente conseguiu aquela promoção no trabalho, por sinal, ela é mais do que merecida moreno, você sempre se dedicou pra isso e eu nunca tive dúvidas do quanto você podia crescer ai dentro. Parabéns. Aliás, eu vi que você está solteiro de novo, sinto muito duas vezes, primeiro por você que abriu mão de tudo por ela, depois porque o meu coração não acelerou com essa novidade. No fundo isso só serviu pra confirmar o que eu já sabia, o que tava na minha cara desde que eu apaguei nossas conversas e joguei fora nossas promessas: cê virou uma lembrança, doída, de fato, mas só mais uma lembrança, dessas que ficam guardadas no fundo da memória juntando pó e vez ou outra reaparecem pra nos fazer enxergar o quanto de cicatriz existe no nosso peito. Tenho várias e todas carregam seu nome.

Durante esse meio tempo em que você foi embora e eu voltei a me amar, perdi a conta de quando foi que eu parei de acompanhar a sua vida, faz um mês? Dois? Mais? Sei lá, só sei que você ficando cada vez mais de lado, perdendo a importância, o espaço. Eu perdi o controle dos seus passos, não sei se você foi naquele show que tanto queria ir, nem sei já comprou o seu carro pra deixar em paz o da sua mãe. Te substitui, mas não me leve a mal, foi necessário! Eu sei que sempre preguei por ai que “não se cura um amor com outro amor”, mas eu tava errada, quando eu fiquei sozinha e tive de lidar com a minha solidão e aquele peso que não saia de dentro de mim, eu tive de achar alguém pra passar os dias ruins, pra segurar a barra comigo e me fazer engolir o choro, o irônico é que quem eu encontrei foi justamente quem eu nunca perdi: eu mesma. Me curei de você, me curei da nossa história e daquele medo bobo que eu tinha de nunca mais te esquecer, hoje eu tenho certeza que não vou, mas não tem problema nenhum nisso, porque você vai ser pra sempre a minha pior e melhor lembrança, mas nunca mais vai ser o dono dos meus pensamentos.
Texto: Gabriela Freitas

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