Desaparece do mapa de quem sabe onde te encontrar

Aprenda a fazer falta, principalmente para quem sabe onde te encontrar. De vez em quando o único remédio é sair de cena para o show continuar. Aprender a ser ausência quando tudo já foi dito, cobrado, explicado. Deixar de ser insistência para ser abstinência. Controlar os próprios impulsos pode parecer simples, mas é uma das coisas mais difíceis de se conseguir. 

Tantas oportunidades de ser feliz a acontecerem lá fora e a gente teimando em se fixar na pessoa que foi embora. É preciso entender que enquanto nós insistimos em verificar os horários em que o outro “visualizou por último” a mensagem que lhe enviamos, muita vida está acontecendo e sendo deixada para trás. É claro que no início vai ser mais difícil – não é de uma hora para a outra que o coração entende as mudanças de planos – mas aos poucos, bem aos poucos, a gente aprende a fazer falta. 

Desaparece do mapa de quem sabe onde te encontrar e até ao momento não se importou; de quem teve todos os teus sorrisos e nunca os valorizou. Sai de cena de quem tu ouviste inúmeros “nãos”; de quem nunca acreditou em ti, de quem pouco se relacionou e muito se cansou. Desaparece do mapa de quem vive com dúvidas e nunca te teve como certeza; de quem não aprendeu a remar junto e a agir com gentileza. Aprende a fazer falta para quem já se habituou à tua presença e desaprendeu a sorrir quando tu te aproximas. Para quem se esqueceu como é boa a tua companhia e prefere se refugiar numa vida fria. Fazer falta é segurar o impulso de procurar, vasculhar, perguntar. 

É travar a vontade de entender o que não dá mais para explicar ou de justificar o que não merece perdão. Fazer falta é não ligar, não mandar mensagens. É sair para se distrair com os amigos, dar uma corrida no parque, respirar fundo e encontrar sentido na solidão. É relaxar para o pensamento acalmar, é desistir de parecer bem quando não se está bem, é cortar o cabelo para renovar o espírito, é ficar longe do telefone enquanto se toma uma bebida e se aprecia a beleza do mar. É, acima de tudo, agir com esquecimento para quem sempre pareceu esquecer-se de ti. 

Quando sumimos, nós descobrimos se realmente fazemos falta. Quando sumimos, nós descobrimos o quanto a nossa presença é importante ou não. 

Sumir é uma estratégia arriscada, eu sei. Mas também define muita coisa mal resolvida. Também traz as respostas que buscamos e nem sempre encontramos. 



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